quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
O CHAPÉU
Ernani Maller
Certo dia percebi em cima da mesa da sala um chapéu, não lembrando de quem poderia ser, resolvi guarda-lo em cima da estante. No dia seguinte estava novamente o chapéu em cima da mesa, achei estranho porem não pensei mais no caso.
Meses depois me mudei da cidade Petrópolis para a cidade de Armação dos Búzios, ambas no estado do Rio de Janeiro. Uma bela manhã ao levantar-me, deparei com o chapéu no espaldar de uma cadeira na sala de estar, estranhei pois havia alguns dias ninguém me visitava, deixei o chapéu na cadeira e a noite o encontrei em cima da mesa, ai comecei a me preocupar e a pensar mas no caso. Na manhã seguinte o chapéu estava no mesmo lugar, porem na noite seguinte havia desaparecido.
Algum tempo depois naquele ano, fui a Petrópolis visitar minha mãe, nesta visita pedi a ela uma foto minha aos dois anos de idade para incluir em um trabalho biográfico, enquanto procurávamos a foto íamos vendo várias fotos antigas e fazendo comentários, até que surge uma foto de minha mãe ao lado de meu pai, que usava um chapéu idêntico ao que apareceu em minhas casas. Tive um arrepio, mas não comentei nada com minha mãe, mas resolvi levar também esta foto .
De volta a Armação dos Búzios mandei emoldurar a foto e a pendurei na parede. Retornei a minha vida normal, até que certo dia ao chegar em casa, vejo em cima do sofá encostado na parede sob a foto, o chapéu. Peguei-o e o examinei, comparei com o chapéu que meu pai usava na foto, era incrível a semelhança, detalhes como fivela, costuras, dobras e pequenas manchas não deixavam duvidas, era o mesmo chapéu, três dias depois ele desapareceu novamente e eu comecei a me perguntar o porque dessas aparições qual a sua freqüência? Então olhei no calendário era 21 de março, dia do aniversário de meu pai. Esperei o próximo ano e no dia 19 de março lá estava o chapéu sobre o sofá e desaparecendo no dia 21 de março. Passei a me lembrar do aniversário de meu pai, talvez esse seja o intuito do chapéu, me lembrar essa data.
Já se vão mais de dez anos desde a primeira aparição, não posso dizer que acho uma coisa normal, mas já espero a cada 19 de março, o seu aparecimento, e a cada ano ele aparece mais velho, mas desbotado, ganhou novas manchas e já não tem a antiga fivela, mas é o mesmo chapéu, o chapéu do meu pai.
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Caro Ernani...se o seu texto foi uma criação literária, parabéns pela imaginação. Se for realmente realidade, não duvido. Ontem tive uma inspiração maravilhosa para escrever um conto, motivada pela lembrança do meu querido pai (falecido). Se possível entre no site www.recantodoleitor.com.br (busca: marina gentile). O conto que escrevi ontem foi: O carroceiro Zé Natal
ResponderExcluirContinue escrevendo.
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